19 de jul. de 2012

Carnificina em Paris

Por Matheus Rosa

Polanski no colo do elenco: Cristoph Waltz, Kate Winslet,
John C. Reilly e Jodie Foster / Foto: Divulgação
A adaptação da peça de teatro God Of Carnage (esta sim, em tradução literal Deus da Carnificina), da autora francesa Yasmina Reza e dirigida por Roman Polanski foi filmada em uma locação na cidade de Paris, apesar da trama original se passar e referir Brooklyn, Nova York, já que Roman Polanski encontra-se em situação judicial parecida com a de um prisioneiro na França por ter fugido de sentença nos Estados Unidos (se retornar ao país acabará sendo preso). Para os entusiastas de histórias de caráter étnico, esse quarteto de brancos está botando pra quebrar. A patrícia rica é interpretada por Kate Winslet, e o homem empresário é o ator "hans landa". Do outro lado, temos um casal cheio de gentilezas, e pela profissão histórica do marido (desde o início da vida desenvolve um ofício artesanal aprendido com o pai), um casal de judeus, ou pelo menos ele judeu e ela GENTIA, detalhe totalmente irrelevante se levarmos em consideração o filme em si.


A tensão entre os personagens do filme, que tem um número estático do início ao fim, 4, é constante e a história vai por um caminho em que ela não vai mais parar de aumentar até o final do filme, quando todos já estão todos mortos de cansaço e raiva e até tristeza. É um filme emocional, com algumas cenas de ação sim, ação surpreendente em breve pico, apenas breve, bem pequeno. Justamente por ser uma adaptação do teatro, o longa está condensado em um ambiente tão grande quanto uma sala, com seus cômodos e quartos, representando um apartamento e um breve corredor.

O argumento temático do filme sustenta a narrativa melhor que muitas obras envolvendo o nome de todos os atores e também do diretor. Jodie Foster é bonita mas os anos 70 vão ficar nos anos 70 (e nos 80, 90... já se passaram tantos anos...). Sua interpretação no filme é intensa e marcante, também bem dirigida por Polanski, que soube provocar as expressões e sugar os atores (como uma laranja), dentro de suas presumidas possibilidades. Foster está tão completamente desesperada que chega até a desacreditar as vezes, de tantas as reações loucas. Mas é o traço do personagem marcante e mais, de todos os personagens que estouram em algum ponto do filme. A mudança de humor, da breve cortesia para a raiva é justificada e os diálogos são, sim, verossímeis. Reparo a presença do personagem do austríaco "Hans Landa", Cristoph Waltz, que traz o elemento da modernidade à narrativa, portanto, tem caráter fundamental na história. Os tempos modernos seguem estragando as vidas das pessoas e os filmes. Libertem-nos! Não nos importamos com ruído de telefone. Ademais, também desperta no espectador emoções que vão da idolatria até a depressão. Muito bem sugado também, o rosto e o cabelo penteado e o queixo emulam o caráter clássico do rosto cinematográfico "queixudões" (ver Willian Holden), vencida às vezes pelos "queixo-duplo" (ver ROGER MOORE).

Kate Winslet como sempre fica muito bem fazendo o papel de "patricinha rica" e servindo de "barbie" para as gerações. Ela é muito bonita, e eu não sei mais o que é beleza e o que são as atuações; funciona bem no filme. O destaque com certeza é John Reilly, cujo perfil é acertado para representar o primeiro "Papai Noel" e depois de transformado, um outro agressivo. Todos os personagens perdem e renovam seu caráter, são os heróis ou os sem carisma em diferentes partes do diálogo. Uma história pessoal que desperta emoções por emular situações do cotidiano e que trabalha diretamente com a questão do carisma, muito mais que com as explosões e ações físicas, como a de um suco estourando, por exemplo. Quando o suco estoura, ele não faz mais que parte de uma alegoria, uma metáfora para os sentimentos. Você roubou o meu suco, eu devo sentir medo, e não estouraste o suco, observe-o escorrendo.

Nota 3 de 4 porque 4 é a Jodie Foster nos anos 80, numa escala de 3 pra ver 2 pra não ver.

0 comentários:

Postar um comentário