Por Matheus Rosa
Polanski no colo do elenco: Cristoph Waltz, Kate Winslet, John C. Reilly e Jodie Foster / Foto: Divulgação |
A tensão entre os personagens do filme, que tem um número estático do início ao fim, 4, é constante e a história vai por um caminho em que ela não vai mais parar de aumentar até o final do filme, quando todos já estão todos mortos de cansaço e raiva e até tristeza. É um filme emocional, com algumas cenas de ação sim, ação surpreendente em breve pico, apenas breve, bem pequeno. Justamente por ser uma adaptação do teatro, o longa está condensado em um ambiente tão grande quanto uma sala, com seus cômodos e quartos, representando um apartamento e um breve corredor.
O argumento temático do filme sustenta a narrativa melhor que muitas obras envolvendo o nome de todos os atores e também do diretor. Jodie Foster é bonita mas os anos 70 vão ficar nos anos 70 (e nos 80, 90... já se passaram tantos anos...). Sua interpretação no filme é intensa e marcante, também bem dirigida por Polanski, que soube provocar as expressões e sugar os atores (como uma laranja), dentro de suas presumidas possibilidades. Foster está tão completamente desesperada que chega até a desacreditar as vezes, de tantas as reações loucas. Mas é o traço do personagem marcante e mais, de todos os personagens que estouram em algum ponto do filme. A mudança de humor, da breve cortesia para a raiva é justificada e os diálogos são, sim, verossímeis. Reparo a presença do personagem do austríaco "Hans Landa", Cristoph Waltz, que traz o elemento da modernidade à narrativa, portanto, tem caráter fundamental na história. Os tempos modernos seguem estragando as vidas das pessoas e os filmes. Libertem-nos! Não nos importamos com ruído de telefone. Ademais, também desperta no espectador emoções que vão da idolatria até a depressão. Muito bem sugado também, o rosto e o cabelo penteado e o queixo emulam o caráter clássico do rosto cinematográfico "queixudões" (ver Willian Holden), vencida às vezes pelos "queixo-duplo" (ver ROGER MOORE).
Kate Winslet como sempre fica muito bem fazendo o papel de "patricinha rica" e servindo de "barbie" para as gerações. Ela é muito bonita, e eu não sei mais o que é beleza e o que são as atuações; funciona bem no filme. O destaque com certeza é John Reilly, cujo perfil é acertado para representar o primeiro "Papai Noel" e depois de transformado, um outro agressivo. Todos os personagens perdem e renovam seu caráter, são os heróis ou os sem carisma em diferentes partes do diálogo. Uma história pessoal que desperta emoções por emular situações do cotidiano e que trabalha diretamente com a questão do carisma, muito mais que com as explosões e ações físicas, como a de um suco estourando, por exemplo. Quando o suco estoura, ele não faz mais que parte de uma alegoria, uma metáfora para os sentimentos. Você roubou o meu suco, eu devo sentir medo, e não estouraste o suco, observe-o escorrendo.
Nota 3 de 4 porque 4 é a Jodie Foster nos anos 80, numa escala de 3 pra ver 2 pra não ver.
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