25 de jul. de 2012

Paraquedas

Por Matheus Chaparini

Foto: Ariel Martini
Saiu o compacto da Apanhador Só.  Eu, que já esperava com certa ansiedade o lançamento, me agilizei para baixar. Apesar de não ser o vinil de verdade e de o meu Gradiente 79 estar sem as caixas originais, a qualidade do som ficou bem tri e eu consegui fazer o ritualzinho do vinil. O velho ritualzinho do vinil, fundamental para uma apreciação musical adequada e tão esquecido nesses tempos de mp3. E cabe aqui a autocrítica, visto que dedilho essas palavras de frente para um computador e quase de costas para o meu tão estimado Garrard que, coitado, está oprimido por uma pilha de tralhas que tem até uma bíblia.

Degustei, parei, pensei, ouvi de novo, e mais uma vez e, porra!, tá muito bom. Quero a bolachinha tão logo possível!



O segundo disco de uma banda – de uma boa banda, de uma banda promissora – é um momento crucial. Talvez seja o ponto mais crítico e definitivo de toda uma carreira. O Segundo Disco. O primeiro revela o potencial. A banda nasce pro mundo e mostra a que veio. No segundo, tu tem que mostrar o que tu consegue fazer com esse potencial. Se a tua banda é capaz de evoluir, de andar pra frente ou se é se já deu o que tinha que dar e vai ficar só se repetindo. Bem, ao menos essa é a teoria deste ordinário criticador de música que batuca essas letrinhas que tu tá lendo. E é essa tiuria que me põe aqui a percutir esses pitacos. Porque é também ela que me manteve em curioso aguardo por tal lançamento.

Conheci o som dos caras um pouco antes de sair o primeiro, ali por 2009, e, no caso dele, a primeira tarefa foi cumprida. O disco rendeu três prêmios Açorianos e indicação ao VMB. Agora estamos no hiato. Na espera d'O Segundo Disco. Mas algumas pistas temos para tentar sacar o caminho que os caras estão percorrendo. Gravar uma fita cassete com versões das músicas tocadas em violão, vozes e sucata parece animador. E Agora esse compacto.

Paraquedas é o lado A. A princípio me pareceu bastante com a Apanhador Só do primeiro disco. Me ficou a impressão de que ela tenha sido feita há mais tempo. Muita coisa nela lembra o primeirito. A melodia vocal, a guitarra base, o baixo. Sinais do processo evolutivo vi na guita cheia de efeitos do Felipe Zancanaro e na intro doidassa. Gostei bastante da música, gostei mesmo. Mas eu tenho uma ideia fixa – como tu já deve ter percebido – com essa minha teoria d'O Segundo Disco. E é nela que se baseia esta análise.

Salão de festas tá do caralho. Bem adiante do primeiro disco, me encheu de esperança. No lugar da bateria uma base eletrônica que deve ter origem nas percussões de surdo com walkie talkie do projeto sucateiro. O riff é simples e é bão demais. A letra é curta, de poucas palavras. Gosto muito das estruturas das letras do Alexandre Kumpinski. Nesta, o esqueminha de três palavras por verso usando interjeições pra contar a história funciona muito bem. Letra simples, curta, com uma estrutura legal e super gostosa de ouvir.

Aliás, essa música tem essa característica nesse lado B. Não tem nada mirabolantemente complexo. E tudo funciona. E é gostoso de ouvir. E, afinal, pra que dificultar o que pode ser simples? - teoriza novamente este pitaqueiro.

Seguimos no hiato e sigo curioso pelo resultado do segundo disco. Pelas mostras que a banda tem dado eu aposto: vai ser um baita segundo disco. Pode ser um palpite forte e certeiro deste que aqui escreve, como pode ser uma bela, simples e inconsciente puxada de saco na banda de uns camaradas que julgo muito talentosos. Mas isso a gente só vai saber quando vier o tão esperado. O crucial. O definitivo. O Segundo Disco.

No mais, vou em queda livre se o paraquedas não abrir.

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