Por Alexandre Miorim
Com atuação encarnada de Anselmo Vasconcellos, o filme ganha não só brilho, mas a qualidade de um artista experiente, de grandeza consolidada em diferentes gêneros. Incorporando um personagem visivelmente transtornado, o ator estabelece a linha emocional do filme, com um tanto de paranoia, amnésia, esquizofrenia e imprevisibilidade.
Os demais componentes do elenco preenchem com excelência o tom de submundo, indigência e loucura, ao qual a obra se propõe. Tomadas ágeis e criativas conferem ao filme sua eficácia como curta-metragem, em termos de ritmo e velocidade. A trilha sonora é assustadoramente pertinente, assim como os efeitos de sonoplastia, que contribuem para sequestrar a atenção do espectador.
Desordenados, os acontecimentos são apresentados em uma narrativa não-linear e não-cronológica, na qual não se sabem onde estão o antes, o agora e o depois. A desordem dos fatos reflete o imbróglio na mente do protagonista, atordoado por um passado sem memória, um presente agonizante e um futuro desesperador, cuja sentença só é deferida no final.
0 comentários:
Postar um comentário