Por Victor Eskinazi
Os irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo Villas-Bôas são interpretados no filme, respectivamente, por João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat / Foto: Divulgação |
No Brasil, desde o povoamento europeu a partir de 1500, os povos nativos sofrem com este contato que, na grande maioria das vezes, não foi pensado considerando as suas necessidades e vulnerabilidades. Um dos últimos capítulos desta trágica história ganhou uma nova versão com o lançamento do filme “Xingu”, do diretor Cao Hamburguer (2012). Confira o trailer aqui.
O filme conta a história dos irmãos Villas-Bôas (Orlando, Cláudio e Leonardo) que, na primeira metade do século passado, embarcaram em um projeto do governo brasileiro que tinha como objetivo fazer o reconhecimento e a ocupação de uma grande parte do território nacional até então praticamente desconhecida, a fronteira oeste. Os três irmãos, interpretados respectivamente por Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat, que aparentemente atravessavam um momento de indecisão pessoal no início da trama, decidem participar da “Marcha Para o Oeste” como uma tentativa de encontrarem sentido para a própria vida. Ao se depararem com as tribos indígenas desconhecidas, o trio passa a ter uma abordagem diferente da pensada pelo governo brasileiro, que era de simples ocupação da terra. O empenho dos irmãos em proteger os índios e suas terras é mostrado no filme, assim como os problemas causados em decorrência deste contato forçado. As cenas mais fortes da película mostram a morte de povoados indígenas inteiros em virtude das doenças trazidas pelos colonizadores e contraídas pelos nativos. Sensibilizados pelos danos causados em parte por eles mesmos, os irmãos começam uma campanha para a delimitação do Parque Nacional do Xingu, atualmente a maior reserva indígena do mundo.
O filme tem alguns problemas técnicos, notadamente de narrativa, em que certos fatos parecem estar soltos na trama, e não obteve a bilheteria esperada para o investimento feito (o orçamento total foi de R$ 14 milhões). No entanto, a história contada é de extrema relevância, e há muitos pontos altos a se destacar, entre eles a fotografia e a atuação dos atores principais. No RS, o filme ficou envolto em uma polêmica devido a declarações feitas a respeito do público gaúcho que nada acrescentam ao debate que deveria acompanhar este filme. Estes fatos indicam a falta de maturidade cultural do público brasileiro em geral e principalmente do gaúcho, pois mostram que um assunto de grande importância como a situação dos povos nativos brasileiros, até hoje oprimidos ou mesmo dizimados, não recebe a devida atenção da sociedade civil e muito menos da grande imprensa.
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